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De Berlim, o apelo dos líderes religiosos para que caiam os muros que dividem os povos

 Oração dos cristãos e manifestação pela Paz em Berlim, em 12 de setembro de 2023

Nenhum muro dura para sempre, e tal como em Berlim em 1989 o demonstrou uma “revolução pacífica”, possam cair em breve “os muros, visíveis e invisíveis, que dividem os povos na Europa, Ásia, África, nas Américas, no meio do mar Mediterrâneo para os migrantes que fogem das guerras".

Os líderes religiosos reunidos na capital alemã no espírito de Assis no encontro “A Audácia

da Paz”, lançam o seu apelo desde o palco montado na Porta de Brandenburgo, símbolo da Berlim dividida antes e da depois reunificada. E como anunciado no final da cerimônia, no próximo ano, em setembro de 2024, todos estarão reunidos novamente em Paris para a nova edição desta iniciativa pela paz.

 

Iniciar o diálogo

 

No apelo, os líderes religiosos recordam a presença do Papa Francisco no Coliseu, durante o encontro do ano passado, e retomam as suas palavras para dizer que aqueles que sofrem “têm o sacrossanto direito de pedir a paz em nome dos sofrimentos vividos, e merecem ser ouvidos”.

 

O silêncio da praça envolve as suas palavras e a memória dolorosa preservada pela cidade inspira o apelo à "audácia da paz", à coragem de "começar a falar enquanto ainda há guerra", a iniciar o diálogo mesmo "enquanto falam as armas".

 

"Mendigos da Paz"

 

As religiões sentem o peso da sua responsabilidade a ponto de se tornarem “mendigos de paz”. A audácia deve superar a prudência, dizem, porque a paz não implica a rendição à injustiça, mas antes evitar o perigo de um "conflito que corre o risco de se repetir indefinidamente e que ninguém parece mais ser capaz de controlá-lo." “Nenhuma guerra dura para sempre!”, é a crença comum.

 

Um mundo de irmãos

 

 

A guerra, além de ser a derrota da humanidade, “corre o risco de se eternizar, alargando as suas consequências, afetando populações mesmo distantes”, porque a guerra, assim como as pandemias e as alterações climáticas, os deslocamentos das populações e as desigualdades, “têm consequências para todos”, e ninguém está imune.

 

O compromisso que as religiões assumem, ao assinarem o apelo à paz, sustentados pelo comum recolhimento da praça e da luz das velas que iluminam os seus passos no palco, comprometem-se em construir um "mundo dos povos, irmãos e iguais", pois se assim não o for -  este é o alerta -, se não se conseguir por um fim nas guerras, serão estas que vão pôr "fim à humanidade", portanto, se inicie imediatamente o desarmamento, e seja detido “o barulho das armas”: “Recomecemos juntos a partir do diálogo que é o remédio mais eficaz para a reconciliação dos povos, concluem, porque a paz é sempre possível!”.

Impagliazzo: falar a língua da paz

 

 

Em Berlim é falada uma língua comuma a todos, aquela da paz. É a voz no palco de Marco Impagliazzo, presidente da Comunidade de Sant'Egidio, que, ao Vatican News, resume o significado dos três dias de encontro, a partir do importante anúncio feito pelo cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana e arcebispo de Bolonha, que a partir desta quarta-feira, 13, até a sexta-feira, 15, estará em Pequim no âmbito da missão de paz para a Ucrânia desejada pelo Papa Francisco.

 

“Recebemos com grande surpresa a notícia de que o cardeal Zuppi deixará Berlim depois de rezar pela paz”, afirma Impagliazzo. “Esta me parece ser a premissa fundamental para encorajar uma missão muito delicada e de grande importância que conclui uma primeira fase exploratória, digamos, da missão do cardeal desejada pelo Papa Francisco. Portanto, de Berlim desejamos-lhe todo o sucesso, mas acima de tudo desejamos-lhe todo o sucesso para a missão humanitária e para o fato de que esperemos que mais cedo ou mais tarde se abram realmente caminhos para se começar a discutir pelo menos um cessar-fogo."

 

É necessária uma audácia de paz

 

No centro está não somente o conflito na Ucrânia, tema tratado desde a sessão inaugural, mas também todos os outros conflitos que muitas vezes não são mencionados, mas que foram discutidos em Berlim. “São 58 conflitos dos quais falamos e um olhar sobre o mundo que nos permite perceber o quão necessária é realmente hoje a audácia da paz - comenta o presidente de Sant'Egidio -, já não basta reconhecer que estes conflitos existem, precisamos mesmo é agir porque há pessoas em grande sofrimento. E aquele grito que ouvimos no ano passado no encontro com o Papa Francisco. Hoje foi feita uma escolha ousada”.

 

Outra muro caiu

 

“Percebemos que caiu mais um muro nestes 37 anos de diálogo entre religiões”, afirma Marco Impagliazzo. “As religiões deram passos gigantescos, ou seja, já não são desconfiadas ou têm um sentido de superioridade umas para com as outras, mas compreenderam que somente juntas, apesar das suas diferenças, somente juntas poderão trabalhar, também ajudar a política, a diplomacia a construir as premissas da paz, lá onde falta a audácia é precisamente isto levantar o olhar e nos unirmos para trabalhar todos os dias pela paz”.

 

 

Fonte: Vatican News

 

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